☕Café Proibido

Por Que o Café Foi Proibido em Vários Países no Passado?

Introdução

Se você acha que as polêmicas sobre o café se limitam a debates sobre açúcar ou adoçante, é porque ainda não conhece a parte “proibida” da sua história.

Pois é… Houve um tempo em que tomar café podia render prisão, multas e até castigos severos. E não estamos falando de séculos e séculos atrás: em alguns lugares, isso aconteceu há apenas 300 anos.

Mas por que alguém proibiria uma bebida tão inofensiva (e deliciosa)?
A resposta mistura medo político, crenças religiosas, economia

O primeiro “não” – Meca, 1511

O registro mais antigo de ilegalidade foi em Meca, no início do século XVI.

O governador Khair Beg temia que as qahveh khaneh (casas de café) estivessem se tornando centros de debate político e religioso. Como as pessoas se reuniam para conversar por horas, ele achou que isso poderia gerar conspirações contra o governo.

Resultado? Proibição total.
Só que os comerciantes e consumidores reclamaram tanto que a decisão foi revertida pouco tempo depois.

📌 Leia também: O Café e os Sultões: Uma História de Poder e Proibições

O medo do pensamento livre – Império Otomano

No Império Otomano, o sultão Murad IV levou a proibição a outro nível.
Entre 1623 e 1640, ele determinou penas severas para quem fosse pego tomando café — incluindo castigos corporais e, em casos extremos, a morte.

A justificativa era a mesma: evitar que o café fomentasse discussões “perigosas” que pudessem ameaçar a ordem política.
Ironia? Dentro dos palácios, a elite continuava seu ritual de consumo da bebida em segredo.

O “complô” do café na Europa

Quando chegou à Europa, também causou desconfiança.
Na Inglaterra do século XVII, o rei Charles II tentou fechar as coffee houses alegando que elas eram “lugares onde homens se reuniam para espalhar rumores e conspirações contra o governo”.

A reação pública foi tão negativa que ele precisou cancelar o decreto poucos dias depois.
E, claro, as cafeterias se tornaram ainda mais populares.

Foi proibido na Suécia (e na xícara do rei)

Um dos casos mais curiosos aconteceu na Suécia do século XVIII. O rei Gustavo III acreditava que a bebida era prejudicial à saúde. Ele vetou bebida e até fez um “experimento científico” com dois prisioneiros condenados à morte, obrigando um a beber café diariamente e o outro a tomar chá.

O resultado? Ambos viveram muito mais do que o rei — que acabou sendo assassinado antes de concluir o “experimento”.

📍 Leia também: https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/109473-a-historia-do-rei-sueco-que-odiava-tanto-cafe-que-proibiu-a-bebida-no-pais.htm

Questões religiosas e morais

Em alguns lugares, líderes religiosos condenaram a bebida não por política, mas por moral.
No início, alguns clérigos muçulmanos associavam a infusão de grãos aos hábitos noturnos e ao comportamento “excessivamente animado” dos consumidores.

Já na Europa cristã, houve quem tentasse associar a bebida ao “pecado” por ser originária de países islâmicos. O papa Clemente VIII, porém, provou a bebida, adorou o sabor e “abençoou” oficialmente a bebida para os cristãos.

E como venceu as proibições

No fim, todas as tentativas de proibições fracassaram.
Os motivos são simples:

  1. Popularidade: Quanto mais proibiam, mais as pessoas queriam provar.
  2. Sociabilidade: Tornou-se símbolo de encontros e conversas.
  3. Economia: Era impossível ignorar os lucros do comércio do grão.

Com o tempo, os governos perceberam que era melhor tributar e lucrar com o café do que tentar bani-lo.

Conclusão

Hoje, pensar em proibir parece uma ideia absurda — quase tão absurda quanto imaginar que um rei já tentou provar que ele matava.

Essas histórias mostram como o café sempre esteve ligado a mais do que apenas cafeína. Ele é símbolo de liberdade de expressão, troca de ideias e convivência social. E, convenhamos, ninguém segura um bom cafezinho por muito tempo.

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