Introdução
Se vocĂŞ gosta de “cafĂ© espresso”, já agradeceu Ă Itália hoje? Pois deveria.
É verdade que o café nasceu lá nas montanhas da Etiópia e ganhou o mundo pelas mãos de mercadores árabes e otomanos. Mas foi na Itália que ele virou um verdadeiro ritual diário, cheio de charme, regras (sim, eles levam isso a sério!) e muito sabor.
A influĂŞncia deste paĂs no comĂ©rcio e na cultura cafeeira vai muito alĂ©m do espresso.
Ela envolve tecnologia, design, comportamento, vocabulário e até filosofia de vida.
Afinal, tomar um café rápido em pé no balcão, como os italianos fazem, é quase um manifesto: saboreie a vida com intensidade, mesmo que por alguns segundos.
Vamos bater um papo sobre:
- Como o café chegou ao pais da bota e se espalhou pelas cidades
- O surgimento das cafeterias como espaços sociais e culturais
- A invenção da máquina de espresso (e como isso mudou tudo)
- A linguagem do café: cappuccino, latte, macchiato… tudo made in Italy
- E, claro, o impacto do pais da bota no comércio e na cultura mundial do café
Preparado? EntĂŁo vamos servir essa xĂcara quente de histĂłria.
Primeiro, como o café chegou terra de Leonardo da Vinci?
A Itália entrou na rota do café por volta do século XVI. E adivinha por onde? Pelos portos de Veneza, claro.
Naquela época, Veneza era um dos centros comerciais mais importantes da Europa.
Mercadores venezianos compravam café de comerciantes otomanos e árabes e vendiam para o resto do continente.
No inĂcio, o cafĂ© era caro, quase um artigo de luxo — vendido nas boticas, ao lado de especiarias e “elixires medicinais”.
Aliás, havia até quem achasse o café uma bebida do diabo. Mas o Papa Clemente VIII experimentou, gostou e deu sua bênção.
A partir daĂ, a bebida ganhou passe livre nos cafĂ©s e corações da penĂnsula.

👉 O Porto de Ravenna Ă© um porto marĂtimo italiano localizado na cidade de Ravenna, na costa do Mar Adriático.
📍Veja mais: Quando o Café Chegou à Europa: Uma Revolução no Paladar
O surgimento das cafeterias
Com o tempo, o café foi se popularizando. E onde há café, há gente querendo conversar, ler, escrever, filosofar.
Surgiram então os primeiros “caffès” italianos — espaços onde se tomava a bebida e se vivia a vida.
As cafeterias se espalharam por cidades como Veneza, Florença, MilĂŁo e Roma, e se tornaram verdadeiros salões culturais. Ali, artistas, polĂticos, estudantes e escritores se encontravam para discutir ideias e, claro, tomar um cafĂ© bem forte.
📍 Curiosidade: O Caffè Florian, fundado em 1720 em Veneza, é uma das cafeterias mais antigas do mundo — e ainda está de pé!
A revolução do espresso — rápido, intenso
Agora vamos ao ponto alto da histĂłria: O Espresso.
No inĂcio do sĂ©culo XX, o engenheiro italiano Luigi Bezzera inventou uma máquina capaz de preparar cafĂ© sob pressĂŁo — o que reduzia o tempo de extração e resultava numa bebida mais forte, encorpada e aromática.
Foi assim o nascimento do caffè espresso, que literalmente significa “cafĂ© expressado”, ou seja, preparado na hora, sob pressĂŁo.
Essa invenção mudou o mundo do café. Porque:
- Tornou possĂvel servir cafĂ© em segundos
- Abriu caminho para os rituais de balcĂŁo italianos
- Inspirou novas bebidas como cappuccino, macchiato, latte, entre outros
- Deu origem a marcas icĂ´nicas como Illy e Lavazza
Desde então, a cultura do espresso se espalhou pelo mundo — mas sempre com aquele jeitinho italiano de ser.
O vocabulário do café é italiano, já reparou?
Se você frequenta cafeterias, já deve ter reparado: o cardápio parece uma aula de italiano.
Vamos a alguns exemplos:
- Espresso: o clássico cafĂ© italiano, extraĂdo sob pressĂŁo
- Cappuccino: espresso com leite vaporizado e espuma cremosa
- Latte: leite com um toque de café (ao contrário do cappuccino)
- Macchiato: espresso “manchado” com um pouco de leite
- Ristretto: um espresso ainda mais concentrado
- Affogato: sobremesa que mistura gelato com um shot de espresso

👉 Menu de Cafés especiais.
Esse vocabulário se espalhou por cafeterias no mundo inteiro. Ou seja, até quando você pede um café em Nova York, Berlim ou São Paulo, está falando um pouco de italiano.
A Itália como embaixadora mundial da cultura do café
Além da influência histórica e cultural, a Itália também desempenhou (e ainda desempenha) um papel forte no comércio internacional do café — especialmente no mercado de valor agregado.
Empresas como:
- Lavazza
- Illy
- Segafredo Zanetti
- Bialetti (a criadora da Moka)
Exportam não só café, mas estilo de vida, tradição e design italiano.

👉 O café Illy tem origem na cidade de Trieste, onde foi fundada em 1933 por Francesco Illy.
Aliás, a Moka Express, aquela cafeteira prateada em forma de ampulheta, Ă© outro Ăcone italiano. Criada por Alfonso Bialetti em 1933, ela popularizou o preparo do cafĂ© nas casas da Europa — e atĂ© hoje Ă© presença garantida em muitas cozinhas.
Regras, rituais e um certo purismo italiano
Se você for à Itália, prepare-se: lá o café tem regras!
- Nada de cappuccino depois das 11h da manhã (é considerado café da manhã!)
- Tome o café de pé no balcão, sem pressa mas sem ocupar mesa à toa
- Açúcar? Ok. Mas pedir leite frio ou “café com chantilly” pode render olhares estranhos
- E esqueça o “expresso duplo com leite vegetal e essência de baunilha” — isso é Starbucks!
A cultura do café na Itália é simples, intensa e direta. E isso faz parte do seu charme.
ConclusĂŁo
Resumindo, a Itália não inventou o café, mas moldou profundamente o jeito como o mundo o consome.
Desde as cafeterias culturais de Veneza até as máquinas de espresso que viraram padrão global, passando pelas palavras que usamos e pelos rituais que repetimos sem perceber — tudo tem um toque italiano.
Portanto, da prĂłxima vez que tomar aquele espresso encorpado ou preparar um cappuccino em casa, lembre-se: vocĂŞ está vivendo um pedacinho da histĂłria da Itália, uma xĂcara de cada vez.